quarta-feira, 12 de setembro de 2007

A Academia Brasileira de Letras: composição

A Academia Brasileira de Letras nasceu de uma iniciativa de intelectuais, em 1896, querendo instituir no Brasil uma academia literária à semelhança da que existia em Paris. Após sete reuniões preparatórias iniciadas em novembro daquele ano, a Academia Brasileira de Letras foi fundada. Em 20 de julho de 1897, foi oficialmente inaugurada.

A ABL possui 40 membros efetivos e perpétuos. Sua composição, porém, tem um quê de elitismo, atrevo-me a dizer. Afinal, poucos Estados  e coincidentemente os que têm ou tiveram maiores ligações históricas com o poder  representam a esmagadora maioria dos imortais. Na melhor das hipóteses, a menos que se prove que certas regiões do país simplesmente nada produzem de relevante à língua ou literatura nacional, há de se concluir que a ABL não se empenha em se mostrar mais representativa, acolhendo maior número de escritores oriundos de Estados diversos.

Acima de tudo, a Academia  como chama a si mesma  tem sede no Rio de Janeiro e não esconde a preferência pelos conterrâneos. Vejamos.

Desde a sua fundação, já passaram por ela 276 membros(*). Desses, 82 (29,71%) nasceram no Rio de Janeiro(*). O segundo Estado mais bem representado é Minas Gerais, com 35 nomes (12,68%)(*). Segue-se São Paulo, com 32 imortais (11,59%)(*). Por conseguinte, os três Estados mais bem representados, todos do Sudeste, respondem por nada menos que 53,98% da composição daquele sodalício(*).

Na quarta posição, vemos Pernambuco, com 24 autores(*), seguido pela Bahia, com 23. Na sexta colocação, há um empate entre o Rio Grande do Sul e o Maranhão, com 15 representantes cada (contando em favor do Maranhão Raimundo Correia, que nasceu a bordo do navio brasileiro São Luís, ancorado na Baía de Mogúncia). O Ceará tem 8 representantes. Paraíba e Sergipe, 7 cada. Depois vem Alagoas, com 6, e Piauí, com 4. Rio Grande do Norte e o nosso Pará são representados por 3 escritores cada. Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina, 2 cada. 2 também é o número de acadêmicos nascidos em Portugal e na França, sendo que um destes últimos foi registrado na Bahia. Completam a lista 1 autor de Goiás e 1 nascido no Uruguai.

Acre, Amapá, Amazonas, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Roraima e Tocantins, além do Distrito Federal, são as unidades federativas que nunca tiveram representantes na ABL.

Segunda atualização, em 27.6.2013:
(*) Depois da publicação desta postagem, a Academia ganhou sete novos membros: Luiz Paulo Horta (eleito em 21.8.2008), Cleonice Berardelli (16.12.2009), Geraldo Holanda Cavalcanti (2.6.2010), Marco Américo Lucchesi (3.3.2011), Merval Pereira Filho (22.6.2011), Rosiska Darcy de Oliveira (eleita em 11.4.2013) e Fernando Henrique Cardoso (27.6.2013).

Desses sete, Geraldo Holanda é pernambucano de Recife. Mas todos os demais nasceram na cidade do Rio de Janeiro. Sintomático, não? Com isso, os números passam a ser:

  • Pela ABL já passaram 282 imortais, além do eleito nesta data.
  • Contando com FFHH, 88 nasceram no Rio de Janeiro (31,09% do total).
  • O percentual de mineiros agora é de 12,36% e o de paulistas, 11,3%. Juntos, os três Estados somam 54,75% do total de membros.
  • Pernambuco é o quarto Estado mais representado na ABL, com 25 escritores.

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