segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Carolina de Joaquim

Após 35 anos de vida conjugal e aos 69 de idade, morre Carolina Augusta Xavier de Novaes, deixando seu marido arrasado. Imerso em sua dor, ele entretanto continua a ser quem era: Joaquim Maria Machado de Assis (cujo centenário de morte se comemora hoje) e dá vazão a sua solitude escrevendo um soneto de despedida, chamado "A Carolina", que é uma ferida aberta em palavras. Comovente, faz-nos pensar em todas as perdas que tivemos e teremos:

Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.

Trago-te flores, — restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.

Na minha lista de compras, o livro Toda poesia de Machado de Assis (Cláudio Murilo Leal, ed. Record).

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