domingo, 7 de setembro de 2008

De acordo com o perfil

Um casal amigo nosso mora no Guamá, em uma rua secundária que, subitamente, entrou em obras de saneamento e asfaltamento semana passada, com previsão de inauguração para amanhã. Eles esperam o sedizente prefeito da cidade com ovos nas mãos. O motivo: a obra, tipicamente eleitoreira — aliás, tem algo mais clichê do que asfaltar, na porta da eleição, uma rua que há décadas esteve relegada ao abandono? —, vem sendo realizada sem nenhum planejamento.
O local tem um sistema de saneamento muito antigo e ineficiente. Para o atual asfaltamento, ele começou a ser atualizado, o que exige que os próprios moradores construam as ligações de suas casas aos tubulões subterrâneos. Nenhum aviso foi dado. Os moradores, pegos de surpresa, precisam arrumar dinheiro de um dia para o outro, a fim de fazer a obra. Naturalmente, os profissionais procurados para fazer o serviço se aproveitam da necessidade e da urgência para salgar os preços. Quem não fez a adaptação está na desagradável situação de ver o esgoto retornar para dentro de suas casas. Afora isso, os enormes buracos abertos para a instalação da tubulação impedem que algumas pessoas tenham acesso às suas garagens, p. ex. meus amigos. São obrigados a deixar o carro na rua, a uma certa distância. O portamalas do carro que hoje não abriu insinua que, talvez, o veículo tenha sido vítima de uma tentativa de arrombamento.
Obviamente, a obra em si representa um melhoramento para a rua e toda obra gera transtornos. Outrossim, também é razoável que o próprio morador arque com certas despesas. Nada disso é problema. O problema é fazer algo de tamanho impacto sem nenhum planejamento, quando o correto seria avisar os moradores, com antecedência, do que seria feito e de quais seriam as implicações. Tal procedimento foi observado no local em que minha mãe mora. Todos os moradores ficaram sabendo, com meses de antecedência, que precisariam construir ligações de suas casas a um novo sistema de drenagem.
Obviamente, não se pode agir corretamente se a obra, eleitoreira, é decidida de uma hora para outra. Tanto isso é verdade que sequer existe uma placa informando sobre a existência da obra e os elementos que precisam ser divulgados por força de lei, tais como custos e prazos.
Mas nada disso surpreende. É só mais um típico exemplo do que é essa administração desde o seu primeiro dia.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ao gastar um pouco de meu tempo assistindo a propaganda eleitoral gratuita pensei que seria de grande valia (dada a consistência e coerência de suas idéias) para quem por aqui passa que você fizesse uma análise (embasada em fatos e em perspectivas coerentes) dos 7 candidatos à prefeitura da cidade.

Yúdice Andrade disse...

Caro Adenir, agradeço o voto de confiança, mas não tenho nenhuma qualificação particular que me autorize a fazer a análise sugerida - e tenho horror de pessoas que falam do que não sabem; por isso, melhor evitar incorrer no mesmo pecado. A blogosfera contém alguns blogs políticos muito interessantes, que devem ser separados do joio - aqueles amalucados, sem embasamento, no qual o indivíduo se limita a dar opiniões pessoais e, em geral, fazer críticas desfavoráveis.
Uma eleição é um acontecimento grandioso demais para ser tratado com leviandade, como seriam os argumentos simplistas, meramente injuriosos ou baseados no lugar-comum de que "nenhum político presta".
De tudo isto fica o mais importante: o dever de cada cidadão de se informar, para votar bem. Quando for possível votar bem, o que não me parece o caso do pleito municipal de 2008.