sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Péssimo exemplo (mais um)

Sempre que alguém atacava Lula por sua incompleta formação escolar e ausência de graduação acadêmica, eu o defendia, por entender que tais requisitos, embora úteis e promissores, não são essenciais ao exercício da presidência da República, já que é da essência da democracia que todos sejam tratados de modo igualitário. Quando o chamavam de "burro", eu ponderava que ele pode ser tosco e limitado, mas burro não. Burro é quem pensa que só a escola produz mentes capazes.
Mas o tempo passou e Lula perdeu a minha simpatia — não por suas frequentes gafes, que isso é o de menos, mas por sua desesperada defesa do que há de pior em termos de marginalidade em seu governo e base aliada.
Agora, contudo, descemos mais um degrau e começo a sustentar que Lula é um apedeuta, sim. Sua oposição ao projeto de lei do Ministério da Saúde, que proíbe o fumo em qualquer recinto fechado, demonstra isso. Sua defesa do "fumo em qualquer lugar" lhe garante um assento no plenário dos imbecis. Sua afirmação de que "só fuma quem é viciado" mostra que desconhece a condição de fumante passivo, que tão caro custa a muita gente. Se apenas os fumantes sofressem a ação do cigarro, eu até seria favorável a ele. Estimularia os fumantes a fumarem cada vez mais. Só eles morreriam, mesmo. O problema é que nós outros sofremos muito mais com essa chaga — motivo dos inúmeros protestos que já consignei aqui no blog.
Lula também se mostra um brasileiro típico: egoísta. Opõe-se ao projeto por ser, ele mesmo, um fumante. E dá prova de irresponsabilidade ao dizer que pode até ser proibido fumar no Palácio do Planalto, devido a uma portaria, mas é ele que manda em sua própria sala. Ou seja, cumprir as normas vigentes e dar exemplo aos seus subordinados, negativo.
Caso o projeto seja aprovado pelo Congresso — o que é uma necessidade urgente deste país —, só espero que não sofra veto, por um presidentezinho agindo em causa própria, a partir de ideias e conclusões estúpidas.

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu acho isso um grande problema. No CESUPA, por exemplo, certo que tem lugares abertos, mas as pessoas ficam fumando ali no bloco, perto das salas, amigos meus inclusive, e não tem como não incomodar, eu respeito, mas procuro não ficar perto, até por que depois eu fico cheirando a cigarro e tenho que explicar em casa como isso acontece rs. É, exemplo tem que ser dado, eu vejo no caso da minha mãe, tornou-se regra no CORREIOS que todos os carros que saírem da garagem tem que abrir as malas, porque como em toda empresa, há roubos, e o procedimento se estendeu para os cargos superiores, pois ela não acha certo que se cobre algo que você mesmo não cumpre, então toda vez que ela sai da garagem, ela abre a mala do carro, o vigia olha e fecha. Apesar de que eu acho que nesse caso nem o Lula gosta muito dessa portaria rs. Eu fico imaginando como deve ser esse “espaço para fumantes” que fazem em alguns estabelecimentos, deve ser um odor insuportável.

Francisco Rocha Junior disse...

Yúdice,
Eu tenho outra tese. Baseado no hábito comum nos arredores da sala do presidente da República, esta decisão deve ter sido resultado da visita de algum dos vários lobbystas da indústria do tabaco.
Depois, quando vier o escândalo - se vier - Lula dirá que ele ouviu um de seus assessores, e que não sabia que existia um lobby poderoso em favor da Souza Cruz, da Phillip Morris e de outras menos poderoas.

Yúdice Andrade disse...

Marcela, durante avaliações institucionais, já sugeri que o fumo fosse sumariamente banido do CESUPA, mesmo nas áreas abertas, junto com uma campanha esclarecendo que tal deliberação se baseia num objetivo de assegurar a saúde de todos, bem como de respeitar um espaço que é coletivo. Vou repetir a sugestão, mais enfaticamente.

Não tinha pensado nisso, Francisco, mas diante do teu comentário passo a acreditar que, de fato, um lobbyzinho bem safado está por trás das declarações patéticas do nosso presidente. Afinal, mesmo sendo sabidamente fissurado numa manguaça, ele nunca fez nenhum libelo pró-álcool e, ao contrário, sancionou a lei da alcoolemia zero. Defender o cigarro por quê, então?
A resposta deve ser de arrepiar.