quarta-feira, 10 de abril de 2013

100 dias de balela

Alguém que não sei quem conferiu um sentido simbólico ao centésimo dia de mandato de um chefe de Executivo. Esse tempo delimitaria o necessário para o novo gestor tomar pé da situação da unidade federativa por ele comandada, resolver as primeiras pendências e reorganizar o seu plano de governo, agora com dados realistas.

Achei muito interessante a iniciativa do Portal G1 de requisitar, aos candidatos a prefeitos do ano passado, respostas sobre algumas questões para resgatá-las, agora que os 100 dias de mandato se passaram, e publicar tais informações para que se possa ver o que andou e o que estagnou. E aqui está a avaliação do Município de Belém, governada por Zenaldo "Não Sou Mágico" Coutinho, contrapondo a empolgação do governo com as críticas da oposição, no caso representada pelo deputado estadual Edmilson Rodrigues, candidato adversário no segundo turno da eleição.

Leia você mesmo e constate: exceto por um pedido de financiamento para obras de saneamento, pela compra emergencial de remédios e equipamentos médicos e pela assinatura do termo de ajustamento de conduta para retomada das obras do BRT, não aconteceu absolutamente nada na gestão atual, exceto o óbvio: rotina. Cuida-se do que há para o dia, em cada expediente, e só. Até porque pedir financiamento não implica em recebê-lo e, portanto, não há previsão para as obras de saneamento. Comprar insumos médicos é vital, mas por si só não resolve problemas estruturais da saúde pública. E as obras do BRT continuam tão estagnadas quanto antes.

Em suma, não aconteceu nada, mesmo. A única ação do homem que não é mágico (mas que age como ilusionista) foi o tal programa "Cuide Belém, cuide também" (por que será que todo governante sempre apela para essas rimas ridículas com o nome da cidade?), que nada tem de novidade, porque todos os prefeitos assumem o mandato no período de chuvas e todos fazem ações emergenciais de limpeza de canais e recolhimento de lixo. E todos fazem estardalhaço em torno disso, como se fosse a invenção do fogo e da roda, quando na verdade não passa de um paliativo.

Aparentemente, o único investimento real feito pela atual gestão foi a aquisição de câmeras e caminhões-guincho para cumprir a meta de aumentar para 300 mil por dia o número de multas de trânsito aplicadas na cidade. E olha que eu sou totalmente favorável a multar e guinchar esses canalhas, mas continuo me perguntando quando é que, meu Deus, alguém vai investir em educação e prevenção, em vez de simplesmente punir e arrecadar?

O tipo de investimento realizado diz muito sobre o governo que temos. É a eficiência tucana: números, estatísticas, discurso, propaganda, resultados incertos e desconsideração do elemento humano. Não me surpreende.

4 comentários:

Anônimo disse...

Engraçado, se você não tivesse dado o nome do santo (ou do mágico, como preferir), eu juraria que se estava tratando dos primeiros 100 dias do prefeito de Santarém.
Seu último parágrafo, a propósito, é uma síntese perfeita do jeito tucano de governar (aqui, aí ou alhures).

Saudações Tapajônicas,

Nilson Vieira

Yúdice Andrade disse...

Caro Nilson, imagine quantas pessoas de outras cidades não se identificaram, também! É uma lástima. A família de minha esposa é de Santarém e visitamos a cidade de vez em quando, por isso sei que o maior empreendimento realizado aí foi privado e provocou um terrível desmatamento às margens da rodovia, que agrediu a minha visão quando estive aí, em novembro passado.
Desejo tempos melhores para vocês e para nós. Um abraço.

Anônimo disse...

Prefeito (não sou magico) mais é ilusionista, achei sensacional podias patentear como fizeste com o alcaide passado, esqueci o termo que usavas mas era ótimo.

Yúdice Andrade disse...

Eu chamava o desgraçado de "sedizente", das 7h46. Mas parei depois que a população de Belém lhe conferiu um segundo mandato. Afinal, não havia como negar que votaram no cara. Foi um momento muito difícil para mim, como cidadão.
Continuarei usando o "Não Sou Mágico" até que o prefeito nos brinde com outra besteira, mais impactante. Cedo ou tarde, vai aparecer uma. Abraço.