quinta-feira, 25 de abril de 2013

Um problema e uma possível solução simples

Aquela coluna de negócios noticiou, hoje, o seguinte:

Há carência extrema em Belém de leitos para maternidade. Cesarianas estão sendo feitas pela madrugada e aos domingos.

Belém é uma cidade ingrata para crianças. Não apenas pela crônica e notória falta de leitos de maternidade, mas de leitos para atendimento infantil de um modo geral. O caos se instala sobretudo nos primeiros meses do ano, quando nosso clima inamistoso adoece boa parte da população e as crianças, naturalmente, são mais vulneráveis. As emergências se transformam em verdadeiras praças de guerra, como tive a oportunidade de constatar, mais uma vez, hoje mesmo.

No entanto, especificamente em relação a partos, o problema poderia ser sensivelmente reduzido se fosse rompido esse paradigma nefasto da cesariana inevitável, criminosa conveniência dos médicos associada à tola conveniência das gestantes. E antes que alguém me diga qualquer coisa, estou mandando... para longe quem sugerir ou ao menos pensar que não tenho o direito de fazer este comentário por ser homem. A Medicina está a meu favor e as mulheres mais sensatas também.

Menos cesarianas desnecessárias = maior qualidade de atendimento.

No espaço de um mês, dois episódios gravíssimos envolvendo maternidades atingiram pessoas que conheço. Um dos casos redundou na morte do bebê. Enquanto se discute besteira, vidas estão se perdendo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Concordo em tudo com sua posição, Yúdice. Minha mulher teve três filhos, todos de parto natural, e nunca passou por nossas cabeças fazer uso de operação cesariana para o parto. A recuperação pós-parto é muito mais célere, os riscos de uma possível infecção hospitalar muito menores, bem como é menor o uso dos equipamentos hospitalares, que podem ficar disponíveis para quem realmente precisa desse tipo de intervenção.
Essa questão, o parto, era vista por nós com tanta naturalidade, e calma às vezes excessiva, que o nosso terceiro filho por muito pouco não nasceu dentro do carro, a caminho do hospital, numa viagem muito louca, onde eu, como motorista, não sabia se dirigia ou se parava o carro para ajudar no parto. Felizmente chegamos a tempo e o moleque nasceu na maca, a caminho da sala de parto.

Saudações tapajônicas,

Nilson Vieira

Yúdice Andrade disse...

A sorte de vocês, Nilson, foi contar com um obstetra favorecendo o parto normal. Infelizmente, porém, isso é cada vez mais raro: ou eles induzem desde logo a cesariana, às vezes simplesmente por tratá-la como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, ou, quando o casal manifesta interesse pelo parto normal, fingem estar de acordo para, mais tarde, inventar qualquer coisa que conduza à mudança de opção.
Conversando com amigos médicos, quando eles se apresentam fora do âmbito profissional, é impressionante como muitos se mostram aborrecidos em "perder um tempo enorme" com partos naturais. A cesariana é, para eles, o melhor dos mundos. Já desisti até de brigar com gente amiga por causa dessa convicção tão desumanizante.
Piora tudo o fato de que as mulheres assumiram essa conversa de que a cesariana resolve o problema da dor, é rápida e segura, então a maioria também pensa nela como primeira opção.
Juntando a tampa e a panela, conhecemos os resultados.