sexta-feira, 8 de julho de 2016

Diário de férias ― Viajar no Brasil

Quando decidimos visitar novamente a nossa querida cidade de Florianópolis, gastei algum tempo escolhendo o melhor voo, ou seja, aquele que durasse menos tempo e que tivesse no máximo uma conexão breve. Assim, escolhi o voo da Gol identificado como G3 6720, que partia de Belém às 6h com destino ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, onde deveria chegar às 9h35. Dali, pegaríamos o voo G3 6751, às 10h10, com chegada à capital catarinense às 11h13.

Decolamos em Belém com uma ligeira antecedência, tanto que às 6h estávamos contemplando nossa cidade das alturas. Partida suave, céu claro, tudo ótimo. Tudo daria certo se a grande quantidade de voos em Guarulhos não tivesse gerado uma fila de aeronaves para pousos e decolagens. Não conseguir dar adequada vazão à demanda é um velho problema do maior aeroporto do país, que se orgulha de suas obras e de ser novo todo dia.

Devido a esse problema, nosso pouso foi adiado em 15 minutos, depois mais 10, e mais um tanto, até que nos assustamos. Chamei a comissária de bordo e expliquei o nosso problema. Ela me garantiu que havia outros passageiros na mesma situação e que o problema já era conhecido, de modo que poderiam aguardar um pouco. Garantiu também que a equipe de solo nos ajudaria.


Conseguimos desembarcar às 9h45. Corri até um funcionário da Gol, que me encaminhou para o portão 202, previsto originalmente para a nossa conexão. Mas esse é outro problema de Guarulhos: os portões de embarque mudam o tempo inteiro e o nosso havia mudado para o 218. A distância entre eles é maior do que os números sugerem. Corremos e, quando conseguimos chegar, descobrimos que havia uns poucos passageiros na mesma situação nossa e nenhum deles poderia embarcar. Motivo: impossibilidade de migrar a bagagem.


Fomos orientados a recolher nossa bagagem na esteira, o que nos obrigou a fazer todo o trajeto de volta, eventualmente errando o caminho, o que seria minorado se realmente houvesse algum funcionário da companhia nos auxiliando. Mas a bagagem não aparecia. Acionei um funcionário e ele descobriu que os volumes estavam por ali pelo pátio. Conseguimos recuperar tudo. Aí descobrimos que havíamos sido remanejados para um voo às 16h30. Teríamos que esperar 5 horas. Queixei-me e mencionei que estávamos com uma criança. O funcionário então me disse ― destacando que era em off e que poderia sofrer algum prejuízo se soubessem que ele havia comentado ― que havia um voo às 14h50.


Dali fomos a um tal de check in 36, onde uma jovem conversadora e lenta pelo menos acolheu nossa reivindicação e nos acomodou no voo das 14h50. Detalhe: lado a lado. Ou seja, havia uma fileira inteira livre. Ora, diabos, então por que não nos puseram desde logo nela? Por que em um voo que nos afetaria muito mais? Enfim, conseguimos o voo e recebemos o nosso voucher para almoço, tão minguadinho que nem usamos.


Após a espera, embarcamos. E aí sofremos novo atraso. Motivo: um fulano fez o check in mas não embarcou. Como ele não apareceu, a companhia decidiu retirar a mala dele do avião. Mas era necessário procurá-la no bagageiro. Que tal? Não quiseram atrasar um voo por alguns minutos, em favor de cerca de seis ou sete passageiros, por atraso provocado pelo sistema aéreo. Mas atrasaram outro voo, por causa de um único passageiro, que talvez tenha provocado o incômodo. 


Depois de tudo isso, chegamos ao nosso destino, mais cansados e estressados do que o necessário, mas chegamos. As férias começaram. Espero que agora venham as alegrias. 


Brasileiro sofre.

3 comentários:

Anônimo disse...

Caro Yudice.
Bom termos notícias tuas novamente. Aproveite bem as férias em Floripa, bela cidade. Não deixe de ir ao Ribeirão da Ilha, para comer as deliciosas e frescas ostras.
Quanto à retirada da mala do passageiro ausente, este é um procedimento de segurança. Se o cara despachou a mala e não embarcou, pode ter alguma coisa naquela mala. Em tempos de terroristas a solta mundo afora, melhor prevenir.

Abraços

Kenneth

Yúdice Andrade disse...

Querido Kenneth, encontrar um comentário teu logo após a primeira postagem após o mais longo hiato que este blog já sofreu é prova de que és um companheiro fiel e persistente. Estou honrado. Um abraço imenso.
Quanto à retirada da mala, compreendo o que dizes. O que me irritou, mesmo, foi a falta de assistência da companhia. Se algo assim acontecesse em uma empresa minha, eu faria de tudo para auxiliar os passageiros prejudicados, sendo proativo. Na vida real, aplica-se o velho brocardo: "quem não chora, não mama". Se não corrêssemos atrás, estaríamos naquele aeroporto até hoje, indo de um lugar a outro, sem ninguém saber exatamente como resolver a questão.

Anônimo disse...

Poxa professor, voar é complicado, mas no caso do atraso daquele único passageiro, a cia aérea teve plena razão!
O cara fez check-in, despachou bagagem e não embarcou... procedimento típico de.... tcharan! terrorismo. Sim, terrorismo, existem atualmente explosivos disfarçados, materiais tóxicos e explosivos praticamente indetectáveis, o cara deixa uma mala cheia de "lembranças" no voo e não quer morrer, por isso não embarca, simples assim. Em tempos de terror e jogos olímpicos, é algo a se considerar (bem dizendo que não se matar esta muito mais para terrorismo clássico europeu - IRA ou ETA - do que a loucura atual do radicalismo islâmico). E isso não é exclusividade tupiniquim, existe regulamentação internacional da matéria (o Brasil segue regras da ICAO - organização internacional de aviação civil), em outros países eles são bem mais chatos com isso.
Ass. alguém que foi Inspetor de Aviação Civil da ANAC (credencial A-1251) por 3 anos antes de passar em outro concurso. Abraços e parabéns pelo blog